sexta-feira, janeiro 22, 2016

Eu sempre estive comigo

Eu tentei me adaptar a um contexto diferente para ser socialmente aceita. Eu esperava ser acolhida e encontrar algum lugar de pertencimento. Eu não tinha nada, apenas uma vida absolutamente oposta à minha, um amor pelo Outro, uma vontade imensa de conseguir me adequar. E com toda a experiência que ganhei, eu me perdi de mim. E a falta que senti da minha presença foi minando todas as minhas forças: sem autonomia, sem alegria e absolutamente só, eu tentei caminhar, mas não consegui encontrar nenhum caminho próspero.
Na busca incessante do meu EU, descobri: eu sempre estive comigo, tão dentro, eu precisava apenas não me rejeitar.
E quando eu percebi que apenas precisava deixar vir, eu descalcei meus pés, eu me despi da dor, eu resgatei em mim a inocência, o auto amor. E pude então sentir a flor dentro de mim: botão que se feria por não desabrochar. Plantei o meu lugar: e recebi com luz minha fonte inesgotável de força e criação, o sol interno e aceso tão prestes a pulsar. Dancei como criança, dancei como mulher, deixei que o FEMININO tomasse o meu corpo. E todas as sementes brotaram num sorriso, viraram gargalhadas, trouxeram pros meus membros fortes, leves, delicados movimentos: e como um Orixá, eu era a natureza, eu era extensão de toda a Beleza, eu era a mim mesma: EU SOU O MEU LUGAR.
Marla de Queiroz

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