quarta-feira, março 09, 2016

APRENDENDO A FALAR COM DEUS

Para conversar com Deus é preciso antes de tudo aprender a estar em silêncio.
Muitos se queixam que não conseguem ouvir a voz de Deus e, portanto, não há nenhum mistério.
Deus nos fala. Mas geralmente estamos tão preocupados em falar, falar e falar, que Ele simplesmente nos ouve. Se falamos o tempo todo, nada mais natural que ouvirmos o som da nossa própria voz. Enquanto nosso eu estiver dominando, só ouviremos a nós mesmos.
A maneira mais simples de orar é ficar em silêncio, colocar a alma de joelhos e esperar pacientemente que a presença de Deus se manifeste. E Ele vem sempre. Ele entra no nosso coração e quebranta nossas vidas. Quem teve essa experiência um dia nunca se esquecerá.
Nosso grande problema é chegar na presença de Deus para ouvir somente o que queremos. Geralmente quando chegamos a Ele para pedir alguma coisa, já temos a resposta do que queremos. Não pedimos que nos diga o que é melhor para nós, mas dizemos a Ele o que queremos e pedimos isso.
É sempre nosso eu dominando, como se inversamente, fôssemos nós deuses e que Ele estivesse à disposição simplesmente para atender a nossos desejos. Mas Deus nos ama o suficiente para não nos dar tudo o que queremos, quando nos comportamos como crianças mimadas. Deus nos quer amadurecidos e prontos para a vida.
Quem é Deus e quem somos nós? Quem criou quem e quem conhece o coração de quem? Somos altivos e orgulhosos. Se Deus não nos fala é porque estamos sempre falando no lugar dele.
Portanto, se quiser conversar com Deus, aprenda a estar em silêncio primeiro. Aprenda a ser humilde, aprenda a ouvir. E aprenda, principalmente, que Sua voz nos fala através de pessoas e de fatos e que nem sempre a solução que Ele encontra para os nossos problemas são as mesmas que impomos. Deus também diz "não" quando é disso que precisamos. Ele conhece nosso coração muito melhor que nós, pois vê dentro e vê nosso amanhã. Ele conhece nossos limites e nossas necessidades.
A bíblia nos dá este conselho: "quando quiser falar com Deus, entra em seu quarto e, em silêncio, ora ao Teu Pai."
Eis a sabedoria Divina, a chave do mistério e que nunca compreendemos. Mas ainda é tempo...
Encontramos no livro de Provérbios a seguinte frase: "as palavras são prata, mas o silêncio vale ouro."
A voz do silêncio é a voz de Deus. E falar com Ele é um privilégio maravilhoso acessível a todos nós.
(Letícia Thompson)

E O MONOPÓLIO DA VERDADE VAI PARA...

Há dias penso em fazer um modesto texto sobre um assunto recorrente: falta de tolerância; respeito; excesso de monopólio da verdade. Muita gente sente isso, mas pouca gente expõe isso.
São pessoas que pensam em ganhar uma espécie de Oscar "facebuquiano", termo inventado agora.
Porém, hoje, diante de vários comentários super carinhosos a respeito dos meus escritos e ideias a meu respeito, me vi na responsabilidade - muito benéfica - de dizer o que venho observando, e que pode ser do interesse de mais pessoas, que não apenas vocês e eu. Tomara que seja mesmo!
Vivemos numa sociedade em que as aparências contam muito. Nela, o Facebook é mais ou menos uma 'mídia' em que todo mundo tem de ser pasteurizado: religioso, magro, bem casado, bem resolvido, com filhos ótimos, maridos exemplares, praticamente "O Mundo de Alice" que, coitadinha, nem tem mais maravilhas para contar, pois perdeu tudo para o Facebook.
As pessoas que deixam transparecer suas emoções, angústias, frustrações, lutos, lutas etc., são logo rotuladas e ganham palavras de apoio, que, frequentemente, querem dizer "tadinha, vai passar".
Há exceções, claro. Eu mesma recebo muitas mensagens que valem muito a pena, mas já me escreveram muita impertinência também. Faz parte.
Há uma intolerância sobre a religião, o modo de viver, de pensar e de se comportar. E isso se comprova quando há donos e donas de Deus, suas palavras, seus conselhos. Não me refiro a quem escreve sobre pensamentos religiosos bons, mas a quem, mais ou menos, deixa claro que conheceu "A" verdade e todo o resto. Ah, todo o resto não inclui a verdade e a crença de outras pessoas.
Vivemos numa sociedade plural, dinâmica, em que ninguém, repito, ninguém pode saber de tudo a todo instante. Somos apenas buscadores. Alunos da Escola da Vida, nada além.
Pessoas que se expressam e que retrucam são costumeiramente mal interpretadas. Mas, ainda assim, acho que vale a pena não se omitir nas opiniões.
Qual o problema de alguém estar deprimidinho em alguma fase da vida? Qual o problema de alguém ser de outro credo?
Qual o problema de alguém ter sido distraído e ter dado atenção à pessoa errada, na hora errada? Quem nunca?
Há ainda a necessidade frequente de empanturrar os comentários com desaforos.
Por que não passa uma mensagem inbox ou melhor, pega o telefone e resolve a chateação com o que ou com quem te chateia? Usar o FB para bater boca é mais infantil que ver desenho do Mickey. Claro que não me refiro à defesa, mas, ao ataque “babaquinha”..., geralmente comum quando não se pode dar um basta num chefe, sei lá mais quem.
Ok, cada um usa seu espaço como quiser, mas, ora bolas, se não quer a opinião dos outros não ponha no FB, vá ao analista. Básico assim!
Queridos, de tudo, é preciso saber quem pode e deve “bancar” certas opiniões. Eu banco totalmente!
Como diz o Apocalipse:
“SEJA QUENTE OU SEJA FRIO. NÃO SEJA MORNO, SENÃO TE VOMITO"
“Mornices” à parte, cá estamos e estaremos. Cientes e conscientes de que há muito a aprender e muito a trocar.
| Cláudia Dornelles |

ZELO

Passamos a rotina nos defendendo, preocupados com as nossas feridas, atacando qualquer julgamento dos nossos defeitos.
Só estaremos amando quando temos medo de machucar mais do que todo o nosso esforço de nos blindar. Quando a dor do outro é maior do que a nossa. Quando a nossa felicidade depende do outro também não ficar triste.
É o zelo, esta palavra poderosa que une amor e cuidado, que concilia fé e atenção extremada.
Enquanto você não se importar com o sofrimento de alguém não conheceu verdadeiramente o amor. É apenas egoísmo ou carência ou vontade de ser amado. Amor é quando você se arrepende de uma grosseria e de uma expressão torta em segundos, você corre para tentar se retratar antes que a sua companhia chore. É o reflexo paterno e materno de colher a criança que caiu no chão, colocar no colo e dizer que não foi nada.
Trata-se de um pessoa tão especial, tão rara, tão fundamental que medirá os gestos e revisará os ímpetos. Faz questão de expor publicamente o que confia em segredo, não dá chance para mentiras e ambiguidades. Não há diferença de postura dentro e fora de casa. Protege com o gesto e com a escrita. É o mesmo na realidade e na virtualidade, sozinho ou em família. A declaração de amor eterno feita no quarto é repetida no Facebook, para ninguém duvidar de que seu coração mora em um único nome. Não há infidelidade de pensamento, porque a lealdade vem antes forrar a intimidade.
Quem protege excessivamente a privacidade tem vida dupla. Senhas são esconderijos de flertes. Se não há nada para esconder não esconda sob o pretexto da discrição.
Zelo mesmo é não ocultar o que quer para os demais daquilo que experimenta a dois. É o que a gente realiza quando o outro não está vendo, é o que a gente fala quando o outro não está ouvindo.
Zelo para jamais ferir quem você gosta, jamais decepcionar, jamais maltratar. Trocar a intolerância do orgulho pela generosidade da admiração, preservando a alegria de ter sido escolhido por quem você escolheu.
Zelo é envolver o cristal da voz em algodão, o vidro das atitudes em plástico-bolha, a devoção em papel-machê.

POR FABRÍCIO CARPINEJAR

terça-feira, março 01, 2016

A vida seria bem mais simples e espontânea se as pessoas não vomitassem felicidade falsa

Sim, a vida seria bem mais simples e espontânea se as pessoas não vomitassem felicidade falsa nem tentassem o tempo todo provar um equilíbrio que elas não têm. Ninguém acorda super bem todos os dias. Ninguém se sente disposto para uma cerveja depois do expediente todos os dias. Às vezes nós ficamos mal mesmo, lembramo-nos de um monte de coisas parvas e queremos chorar na cama que é um lugar quente. Às vezes as coisas não parecem fazer muito sentido e nós queremos ficar fechadinhos dentro de nós mesmos.
Nós não somos obrigados a ficar felizes e comemorar porque é Natal, réveillon ou dia dos namorados. Nós não precisamos necessariamente de sorrir e querer curtir porque faz sol, porque nós estamos na praia ou porque disseram que a vida é simples e é o ser humano que complica.
Nós não precisamos rejeitar a tristeza como se fosse uma doença pestilenta. Ela faz parte da vida, tal como a alegria. Só precisamos tomar cuidado para não transformá-la em um hábito ou nos esconder atrás dela por medo de ser feliz ou ainda dar importância demais a problemas e principalmente a pessoas pequenas. Este é um exercício e tanto que pode levar anos ou a vida inteira. Mas parece-me que vale a pena.
A vida seria mais simples se as pessoas fossem mais elas mesmas. Se elas olhassem nos olhos dos outros e falassem sobre os seus problemas, os seus medos. A vida seria mais simples se a gente não precisasse provar que é bem-sucedido o tempo todo. Seria mais simples se nós pudéssemos gostar das pessoas independentemente da vida que elas levam. Se nós pudéssemos dizer sem constrangimento algum que nos estamos a sentir um monte de merda e que a vida às vezes pode ser bem complicada, sim. Talvez, se admitíssemos mais o caos que é viver, não sofreríamos tanto. Talvez, se desfocássemos mais daquilo que dizem que é importante, mas que não faz sentido para nós, fôssemos mais bem-sucedidos num sentido mais amplo.
Talvez se mostrássemos mais os nossos rostos desmaquilhados e as nossas almas nuas, se não nos defendêssemos tanto uns dos outros, se não nos importássemos tanto em mostrar que somos melhores do que os outros, pudéssemos ser mais unidos, mais solidários, mais amados, mais amantes.
Se nós entendêssemos que todo o mundo está no mesmo barco… Rogo pelo dia em que as mulheres casadas se assumam sozinhas e mal amadas, se for o caso. Rogo pelo dia em que as mulheres solteiras confessem que uma companhia faz falta, sim, e que fazer tudo sozinha pode ser muito triste. Rogo pelo dia em que os homens tanto casados como solteiros afirmem com todas as letras que morrem de medo das mulheres e que nunca deixam de ser meninões. Rogo pelo dia em que as mães gritem desesperadas o quanto estão cansadas e as que não têm filhos lamentem esta lacuna nas suas vidas. Que todos se assumam meio perdidos, meio sozinhos nesta vida louca. Rogo para que as pessoas assumam como o passado é doloroso e o futuro incerto. E depois de tantas confissões acaloradas, que elas possam respirar fundo, sorrir umas para as outra e seguir em frente cheias de coragem. Que depois de tudo, a gente pudesse cantar juntos “I will survive” e nos sentir intimamente ligados ao outro por meio da nossa vulnerabilidade, por meio da nossa capacidade irrestrita e desgovernada de dar e receber amor.

Por: Silvia Marques

sexta-feira, fevereiro 26, 2016

Porque há tanto menino e tão pouco homem

Estar ficando com alguém é se equilibrar na corda bamba entre o sentimento e a loucura. Com o passar dos dias, temos a sensação de que a relação está evoluindo, crescendo, e passamos a querer mais consideração, mais afeto, mais compromisso. Acontece que não é o tempo que determina a intensidade de um casal, mas a forma como se tratam, como se veem. Às vezes, o que pra nós pode ser interpretado como sério, não passa de algo casual, ou pior, cômodo para os envolvidos. Então, nesse mesmo tempo, pode surgir uma outra pessoa que desperte em um ou outro a vontade de tentar. Mas quando não somos nós as escolhidas, tendo em vista o quanto havíamos nos reforçado, dói. E muito.

Não tenho mais idade pra joguinhos e já aprendi que uma relação amorosa não pode ser competitiva porque, nesse caso, até quando se ganha, se perde. Por um punhado de orgulho pra massagear o ego desfaz-se o respeito e a consideração que foi conquistada. Não vale a pena, sabe? Coisa de “menino”. Menino quer ficar por cima, quer contar aos amigos, quer sentir-se no controle. É preciso um pouco mais de tempo (e alguns tapas na cara) pra que possam entender que a afirmação de Homem que eles buscam é quando assumem o que sentem, e não quando se escondem no fundo do copo e nas escapadas da madrugada.
Se envolver não é fácil, sejamos francas. Ninguém está suficientemente pronto pra acertar em uma relação. A verdade é que nós vamos nos adaptando, nos ajudando. Nos conhecemos melhor quando podemos nos reconhecer um no outro, principalmente quando erramos. Às vezes, o que mais nos incomoda é também aquilo que precisamos melhorar em nós mesmos. Perda de tempo não é tentar e falhar, mas passar a vida esperando alguém que venha prontinho pra gente; essa pessoa não existe.
Porém, como podemos culpar alguém por não suprir nossas expectativas? Pessoas são livres pra nos deixar, e quando permanecem ao nosso lado foi porque quiseram. Do que adianta forçar alguém a estar conosco se não partir da sua própria vontade? Não adianta pressionarmos, tampouco nos humilharmos. A gente não pode forçar ninguém a estar conosco porque quando nos sujeitamos a isso, valemos pouco pra nós mesmos. 
Todos aqueles que deram certo são resultados de inúmeras tentativas pontuais, vários murros em ponta de faca e, claro, uma força de vontade absurda. Muitas vezes, a gente tem que se perguntar o que está havendo conosco quando esperamos determinadas atitudes em uma relação. Ou seja, o problema está em nós mesmos por enaltecermos as expectativas e darmos demasiada importância ao nosso lado da história.
A verdade é que, um dia, alguém vai nos escolher e se esforçar por nós, talvez até partir alguns corações e nem sequer vamos saber disso, e isso vai acontecer de forma natural. Tudo que podemos fazer é dar o nosso melhor pra ter a consciência tranquila de que não fomos nós que perdemos enquanto isso não acontece. Eu sei, parece bobagem acreditar que simplesmente vai acontecer e não vai ser complicado ou doloroso, mas quando você puder viver isso vai saber que amor é aquilo que te dá sossego.
Acontece que “menino” nem sequer tenta, pois tem um medo danado de se envolver, de se perder, e demora mais pra descobrir que se achar em alguém é o melhor dos caminhos. Por isso, não adianta o quanto queiramos e nos esforcemos pra isso, não podemos fazer com que pulem fases. Cedo ou tarde, todo menino encontra alguém que lhe faz sentir o que ninguém jamais fez e lhe encoraja a amadurecer. O que devemos nos perguntar é o quanto estamos dispostas a esperar por essa mudança (que não vai acontecer porque nós queremos). A gente tem que se priorizar, se gostar muito, muito mesmo, pra enxergar que nem sempre quem a gente quer é quem merecemos ter ao lado.

sexta-feira, janeiro 22, 2016

Eu sempre estive comigo

Eu tentei me adaptar a um contexto diferente para ser socialmente aceita. Eu esperava ser acolhida e encontrar algum lugar de pertencimento. Eu não tinha nada, apenas uma vida absolutamente oposta à minha, um amor pelo Outro, uma vontade imensa de conseguir me adequar. E com toda a experiência que ganhei, eu me perdi de mim. E a falta que senti da minha presença foi minando todas as minhas forças: sem autonomia, sem alegria e absolutamente só, eu tentei caminhar, mas não consegui encontrar nenhum caminho próspero.
Na busca incessante do meu EU, descobri: eu sempre estive comigo, tão dentro, eu precisava apenas não me rejeitar.
E quando eu percebi que apenas precisava deixar vir, eu descalcei meus pés, eu me despi da dor, eu resgatei em mim a inocência, o auto amor. E pude então sentir a flor dentro de mim: botão que se feria por não desabrochar. Plantei o meu lugar: e recebi com luz minha fonte inesgotável de força e criação, o sol interno e aceso tão prestes a pulsar. Dancei como criança, dancei como mulher, deixei que o FEMININO tomasse o meu corpo. E todas as sementes brotaram num sorriso, viraram gargalhadas, trouxeram pros meus membros fortes, leves, delicados movimentos: e como um Orixá, eu era a natureza, eu era extensão de toda a Beleza, eu era a mim mesma: EU SOU O MEU LUGAR.
Marla de Queiroz

AMIZADE SEM TRATO

Dei pra me emocionar cada vez que falo dos amigos. Deve ser a idade, dizem que a gente fica mais sentimental. Mas é fato: quando penso no que tenho de mais valioso, os amigos aparecem em pé de igualdade com o resto da família. E quando ouço pessoas dizendo que amigo, mas amigo meeeesmo, a gente só tem dois ou três, empino o peito e fico até meio besta de tanto orgulho: eu tenho muito mais do que dois ou três. São uma cambada. Não é privilégio meu, qualquer pessoa poderia ter tantos assim, mas quem se dedica?
Fulano é meu amigo, Sicrana é minha amiga. É nada. São conhecidos. Gente que cumprimentamos na rua, falamos rapidamente numa festa, de repente sabemos até de uma fofoca pesada sobre eles, mas amigos? Nem perto. Alguns até chegaram a ser, mas não são mais por absoluta falta de cuidado de ambas as partes.
Amizade não é só empatia, é cultivo. Exige tempo, disposição. E o mais importante: o carinho não precisa – nem deve – vir acompanhado de um motivo.
As pessoas se falam basicamente nos aniversários, no Natal ou para pedir um favor – tem que haver alguma razão prática ou festiva para fazer contato. Pois para saber a diferença entre um amigo ocasional e um amigo de verdade, basta tirar a razão de cena. Você não precisa de uma razão, basta sentir a falta da pessoa. E, estando juntos, tratarem-se bem.
Difícil exemplificar o que é tratar bem. Se são amigos mesmo, não precisam nem falar, podem caminhar lado a lado em silêncio. Não é preciso troca de elogios constantes, podem até pegar no pé um do outro, delicadamente. Não é preciso manifestações constantes de carinho, podem dizer verdades duras, às vezes elas são necessárias. Mas há sempre algo sublime no ar entre dois amigos de verdade. Talvez respeito seja a palavra. Afeto, certamente. Cumplicidade? Mais do que cumplicidade. Sintonia?
Acho que é amor.
Oh, céus! Santa pieguice, Batman! Amor? Esta lengalenga de novo?
Sério, só mesmo amando um amigo para permitir que ele se atire no seu sofá e chore todas as dores dele sem que você se incomode nem um pingo com isso. Só mesmo amando para você confiar a ele o seu próprio inferno. E para não invejarem as vitórias um do outro. Por amor, você empresta suas coisas, dá o seu tempo, é honesto nas suas respostas, cuida para não ofender, abraça causas que não são suas, entra numas roubadas, compreende alguns sumiços – mas liga quando o sumiço é exagerado. Tudo isso é amizade com trato. Se amigos assim entraram na sua vida, não deixe que sumam.
Porém, a maioria das pessoas não só deixa como contribui para que os amigos evaporem. Ignora os mecanismos de manutenção. Acha que amizade é algo que vem pronto e que é da sua natureza ser constante, sem precisar que a gente dê uma mãozinha. E aí um dia abrimos a mãozinha e não conseguimos contar nos dedos nem dois amigos pra valer. E ainda argumentamos que a solidão é um sintoma destes dias de hoje, tão emergenciais, tão individualistas. Nada disso. A solidão é apenas um sintoma do nosso descaso.
A maioria das pessoas não só deixa como contribui para que os amigos evaporem. Ignora os mecanismos de manutenção.
Martha Medeiros

Ser mulher é ter um turbilhão de  sentimentos misturados. É ser um ser humano extraordinário, é ter a doçura em um olhar, mesmo com o coraç...